Especialista: Publicidade ignora quem sustenta o arroz
O consumo é sustentado pelas classes média e baixa
O consumo é sustentado pelas classes média e baixa - Foto: Pixabay
O debate sobre a comunicação no mercado de alimentos ganha força diante de campanhas que exibem pratos sofisticados e pouco ligados ao cotidiano das famílias brasileiras. A avaliação parte do diretor de operações na Itaobi Representações, Sergio Cardoso, que aponta um distanciamento crescente entre a publicidade e quem realmente decide a compra do arroz no país, segundo a fonte. Ele observa que quem consome o produto todos os dias busca praticidade, sente o peso do preço e mantém hábitos simples na rotina alimentar.
De acordo com Cardoso, o consumo é sustentado pelas classes média e baixa, formadas por trabalhadores que cozinham em casa, levam marmita ou dependem de refeições básicas para equilibrar o orçamento. Esse grupo compra arroz mensalmente e concentra o volume que mantém vivo o mercado nacional. Ele destaca que, quando esse público precisa segurar gastos, todo o setor sente o impacto, já que é responsável pelo consumo mais intenso do cereal.
Cardoso afirma que as campanhas, embora bem produzidas, costumam priorizar receitas elaboradas e ingredientes caros, desconectados da realidade desse consumidor. Ele cita preparações sofisticadas como exemplos de um discurso que não reflete o dia a dia das famílias, cujo cardápio permanece centrado no básico, com arroz, feijão, uma proteína e, quando possível, algum legume. Para ele, ao falar com um consumidor imaginário, a comunicação perde relevância justamente entre aqueles que sustentam o mercado. O alerta é direto: sem considerar hábitos reais, a propaganda deixa de conversar com quem realmente importa.